Dos mais de oito mil alunos inscritos na Central de Matrículas nas redes estadual e municipal de ensino público em Pelotas, 92,84% já tiveram seus pedidos de transferência ou vaga nova encaminhados. O desafio agora é designar os 457 restantes em instituições indicadas pelos pais ou responsáveis. Como não é possível acomodar todas as crianças e adolescentes conforme a solicitação da família, a efetivação da matrícula tem gerado demora, segundo apontou a coordenação do posto. A garantia é de que há vagas para todos. Mas enquanto elas não vêm, os pais de alunos já contabilizam prejuízo no ano letivo de retorno ao presencial.  

Na manhã de quarta-feira (2), após o recesso de Carnaval, a fila na rua Andrade Neves já não tinha grandes proporções, embora a demanda fosse a mesma de quem aguardava pelo atendimento: mudar o filho de escola ou conseguir ingressar no ensino público. Uma mãe que prefere não se identificar teve que tirar o filho de 11 anos da escola particular e agora tenta uma vaga no Ensino Fundamental. Ela foi direto no Colégio Pelotense, onde foi orientada a mandar os documentos para o e-mail vagasescolar2022@gmail. Como não teve retorno, procurou por três vezes o posto. “Coloquei mais opções, como o Cassiano do Nascimento e o Assis Brasil. Só gostaria que ele não ficasse sem aula.” As vagas para esta faixa etária concentram a maior demanda de estudantes, com 243 em espera.

Para o Ensino Médio, a Central de Matrícula precisa buscar vagas para 132 estudantes. Um deles é um ex-aluno da Escola de Ensino Fundamental Brum de Azeredo. A mãe do adolescente, que também prefere ter a identidade preservada, conta que em janeiro fez contato com a Secretaria de Educação e foi orientada a mandar toda a documentação pelo e-mail. A promessa de que o filho estaria matriculado no dia 17 de fevereiro nunca aconteceu. Foram 232 ligações para a Central, durante três dias, sempre com a linha ocupada. “Pedi dispensa do serviço duas vezes e quando cheguei no posto, não tinha mais ficha. Não tenho como sair mais do meu trabalho”, disse a mãe que teme pelo prejuízo do filho com o início do ano letivo. A alternativa foi buscar ajuda na 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ªCRE), onde foi informada de que haveria uma vaga no Sylvia Melo e três na Escola Estadual Osmar da Rocha Grafulha (CIEP), locais indicados pela mãe. No entanto, até hoje ela não teve retorno. “Vou contar com a sorte, pois o último contato pediram para esperar até o dia 7 deste mês”. 

Com a demanda menor, mas não mesmo problemática, a Central de Matrículas tenta encaminhar 82 crianças à Educação Infantil. “Entendo a situação de cada pai, mas não há vagas para todos em uma mesma escola”, explicou a coordenadora de escolas estaduais na Central de Matrículas, Márcia Velloso Langlois. Além da demanda presencial, há o atendimento dos e-mails. Esta semana, a equipe ganhou reforço e passou dos então três atendentes para sete, que se revezam entre atendimento presencial e respostas aos e-mails. Para contagem, a Central de Matrículas encerrou fevereiro com 1.998 encaminhamentos de vagas.

 “Tem situações em que um estudante pede e consegue transferência de uma escola, abrindo uma vaga para outra que deseja. Então todas as informações vão para o sistema que processa e lança onde é possível encaminhar um aluno. Mas nem todos serão contemplados com o educandário que pediram.” Quem está nesta situação é a manicure Janaína Pinto Leal, de 26 anos, e a cabeleireira Pamela Monteiro Fernandes, 25 anos. Ambas buscam, desde novembro, vagas para os filhos de cinco anos no Pré-A ou B na escola Piratinino de Almeida. “Fizemos todo o processo com foi orientado. Já estivemos aqui três vezes e, na lista de chamada só aparece ‘não contemplado’”, conta Janaína. “Espero que hoje (quarta) a situação se resolva”, disse Pamela. Conforme Márcia, elas não foram contempladas porque não há mais vagas na Escola Infantil solicitada e, nesse caso, é preciso que apresentem alternativas.